Nova voz do samba, Thais Duran revela compositores
paulistanos em disco
O álbum “Cala-te Boca” será lançado nesta sexta (25), no Bar Brahma
Adoniran Barbosa, Osvaldinho da Cuíca, Paulo
Vanzolini, Geraldo Filme, Martinho da Vila, Jamelão, Clementina de Jesus,
Cartola, Noel Rosa, Paulinho da Viola, Dona Ivone Lara, Dorival Caymmi, Assis
Valente, Riachão, Batatinha... Estes e diversos outros nomes contribuíram para
dar força e forma ao samba como a sonoridade mais popular do Brasil.
A cantora paulista Thais Duran bebeu nestas e
em outras fontes e faz de um dos principais elementos da identidade sonora
brasileira o foco de seu primeiro disco. “Cala-te Boca!” será lançado nesta
sexta-feira (25), no Bar Brahma, em São Paulo, às 21h. A abertura do show será
feita pelo Samba do Congo.
O disco traz oito sambas; seis deles são inéditos
e revelam novos compositores do cenário paulistano. A ideia do evento de
sexta-feira, porém, não é somente realizar um tributo ao samba paulista. Além
das músicas do CD, a cantora interpretará sambas de compositores já consagrados
e o repertório será dividido em blocos, que homenagearão o samba da Bahia, do
Rio de Janeiro e de São Paulo. O repertório vai do samba de raiz, passa
pelo samba-rock, pela gafieira, até o samba-enredo.
Sobem ao palco com Thaís: Fabinho Mandika (violão
7 cordas), Ricardo Raiz (cavaquinho), Rodrigo dos Reis (flauta e sax), Thiago
Galta (percussão geral), Vinícius Guichabeira (pandeiro) e Walter Poly (surdo).
Haverá ainda a participação de um casal de dançarinos de gafieira e uma dupla
de passistas.
O
disco
O álbum foi gravado no estúdio Cakewalking, na
capital paulista, e contou com a produção de Beto Bertrami (que vem de uma
família tradicional de músicos e já tocou com nomes como Dominguinhos, Fafá de
Belém, Leila Pinheiro, Jair Rodrigues e Toninho Ferragutti) e Ton Sall
(multiinstrumentista e coordenador da Ciclos Produtora).
As composições abordam temas diversos, inclusive o
próprio samba. A faixa “Tempero Brasileiro” (de Eduardo Santhana e Cassio
Pantaleoni), abre o disco de forma contagiante, falando sobre o sabor e o
sentimento da cultura brasileira: “Pimenta do reino a gosto, pra tirar o
desgosto do meu coração/ Alfazema perfumada pra botar um cheiro nessa emoção
(...)”.
A
segunda música, “Identidade Brasileira” (de Fernando Ripol e Wagner Loitero),
prossegue com o tema Brasil, mas em metalinguagem: fala da trajetória do samba,
de suas raízes até os dias atuais, mas também o aborda como fonte de esperança
para quem sonha com um futuro melhor. Para gravá-la, Thaís convidou o cantor e
percussionista Gutão (parceiro musical da cantora em Araçatuba), com quem
divide os vocais.
“Camisa
Amarela”, clássico de Ary Barroso composto no final da década de 1930, é a
próxima música. A história de um amor driblando os obstáculos dos festejos de Carnaval,
ganha na voz de Thaís uma versão que flerta com a bossa-nova,
com piano e cavaco dividindo espaço na harmonia.
Raízes e paixões
“Raízes
do Samba” (de Rafael Festraits), quarta faixa, aborda a ideologia afro-brasileira
e retoma o tema do desenvolvimento do gênero musical. “Venceu o preconceito e a
dor/ O grito do negro ecoou/ Já era hora de buscar o seu lugar/ Saiu da senzala
e veio pra sala de estar/ Trouxe um surdo bem marcado, acelerando o seu coração
(...)”, diz o compositor.
Acompanhada
apenas do violão 7 cordas, Thaís canta a quinta música do disco: “Último Desejo”,
uma das composições de sucesso de Noel Rosa, de 1937. Outra história de amor,
mas que, diferente do enredo de “Camisa Amarela”, termina em separação.
A
sexta faixa é “Samba Jorge” (de Edivaldo Gonçalves e Eduardo Santhana), que
traz alguns elementos do samba de terreiro e pede proteção. “Seguindo com fé eu
vou, São Jorge é meu protetor/ Seguindo com fé eu vou, o samba é meu protetor/
Ogum Maré, Beira-Mar (...)”, canta Thaís.
“Saideira”
(Glauco Ribeiro e Ednaldo Camargo), a penúltima canção do álbum, prepara para o
final, dizendo adeus de forma leve, retomando o clima da primeira música do trabalho.
“Fiz um samba pra dizer adeus / Muito franco pra não demorar/ Pago a saideira e
sigo em paz/ Meu destino eu vou dar pra Deus”, conclui.
Por
fim, o samba-enredo “Boca Fechada” (mais uma de Eduardo Santhana, dessa vez em
parceria com Juca Novaes) traz a expressão que dá nome ao disco: “Cala-te
Boca!”. O álbum termina com uma força de quem finalmente consegue dar seu
recado.
Atentem
os ouvidos, que o samba de Thaís Duran veio pra ficar.
Ficha técnica do disco “Cala-te Boca!”
Disco
“Cala-te Boca!”, de Thaís Duran
Músicos:
Beto Bertrami (piano), Ton Sall (baixo), Osvaldo Martins (bateria), Wesley
Vasconcelos (cavaco e violão 7 cordas) e Walter Poli (percussão)
Participação:
Gutão (vocal em “Identidade Brasileira”)
Arranjos:
Beto Bertrami
Produção:
Beto Bertrami e Ton Sal
Serviço
Show de lançamento do disco “Cala-te Boca”, de
Thais Duran
Dia: 25 de agosto de 2017
Horário: 21h
Local: Bar Brahma (Av. São João, 677, São Paulo-SP)
Ingressos: R$ 30,00
Informações: (11) 2039-1250
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Thaís Duran, a nova voz do samba
O timbre é único e o samba, certeiro. A cantora
Thaís Duran tem 36 anos de idade e mais de 20 de carreira, personalidade
marcante e demonstra plena satisfação quando solta a voz. Começou cedo, já
cantou em palcos grandes e pequenos, acaba de lançar seu primeiro disco e
acredita no futuro da música brasileira.
Sua base musical vem, inicialmente, das aulas de
piano que fazia quando tinha entre 6 e 13 anos e da passagem por um grupo de
canto coral na infância e adolescência. Já quando tinha 8 anos, ao fazer sua
primeira apresentação para o público, cantando “O Caderno”, de Toquinho, soube
que a música seria seu destino; ficou à vontade e gostou de cantar para as
pessoas.
E essa base é construída também diariamente, seja
nos palcos, exercendo seu ofício, ou pelo hábito de ouvir discos de ícones como
Vinícius de Moraes, Chico Buarque, Gilberto Gil, Clara Nunes, Elis Regina, Luiz
Melodia, Cartola, Noel Rosa, João Nogueira, Jovelina Pérola Negra, Adoniran
Barbosa, Geraldo Filme, entre tantos outros artistas importantes para a
história das sonoridades do Brasil.
Nascida em Penápolis, passou a maior parte da vida
em Araçatuba - ambas cidades do interior de SP. Em Araçatuba, deu início e
consolidação de sua carreira. Começou gravando jingles, depois, cantando em
bares e eventos, e passou, enfim, a fazer shows.
Tem apreço pelo jazz, pelo blues e pela MPB em
geral, mas foi no samba, especificamente, que decidiu investir, em 2012. Depois
de passar um período em Goiás (onde deu início ao projeto “Pé na Areia”, com o
guitarrista Rodrigo Mazza), retornou a São Paulo com a ideia de formar um grupo
de samba e aprender a tocar pandeiro.
Prêmio
Ela conseguiu realizar as duas coisas. Treinou o
instrumento, e fundou e foi vocalista do grupo Saia na Roda (que inicialmente
se chamava A Flor e o Samba) por três anos, cantando em diferentes cidades do
Estado de São Paulo. Com o grupo, ainda, venceu o Troféu Odette Costa
(oferecido pela Secretaria de Cultura de Araçatuba a artistas da cidade) em
2015, na categoria “Música”.
A cantora também fez apresentações com o conjunto
Samba na Conversa, com o qual fez seu show na Virada Cultural Paulista 2016 de
Araçatuba – um dos momentos mais relevantes da carreira até hoje, segundo Thaís.
Foi uma gravação amadora de uma das músicas deste show, feita por celular de
amigo e divulgada no Facebook, que chamou a atenção do pianista Beto Bertrami,
de São Paulo, para produzir o primeiro disco da penapolense (“Cala-te Boca”,
2017).
A parceria rendeu ainda outros frutos. A partir
dela, Thaís fez uma participação no show especial "Bertrami - Os
Construtores da Música Brasileira", em outubro de 2016, como a “nova voz
da música brasileira” – outro momento importante em sua trajetória. Na ocasião, dividiu o palco com os cantores Ed
Motta, Leny Andrade e Thiago Bertrami, e instrumentistas de
currículos extensos (entre eles, Beto Bertrami, coordenador do projeto). O
material integra um projeto sobre a história da emblemática família
Bertrami na MPB, que será lançado em DVD.
Recentemente, a artista cantou em espaços e casas
de shows do Rio de Janeiro e da Bahia. No Rio, por exemplo, se apresentou em
dezembro de 2016 no Beco das Garrafas, mesmo local onde Elis Regina começou a
consolidar sua carreira na capital fluminense.
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